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Reação ao "Tarifaço" de Trump Impulsiona Apoio a Lula entre Eleitores de Centro, Aponta Quaest

Publicado em: 16 de julho de 2025 Por: Redação Redondeta Em: Política
Imagem ilustrativa

Uma nova pesquisa da Quaest revela um cenário político em reconfiguração no Brasil, onde a recente imposição de tarifas por Donald Trump contra produtos brasileiros, o chamado "tarifaço", parece ter surtido um efeito inesperado: o de aproximar eleitores de centro do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A avaliação do diretor da Quaest aponta que a medida, justificada por uma suposta perseguição política a Jair Bolsonaro, gerou uma ampla desaprovação popular e, consequentemente, fortaleceu a posição do atual governo.

De acordo com os dados, 72% dos brasileiros consideram que Donald Trump agiu de forma equivocada ao impor as sobretaxas, especialmente ao atrelá-las à situação jurídica de Bolsonaro. Essa rejeição é transversal, atingindo até mesmo uma parcela significativa de bolsonaristas, onde 48% desaprovam a medida de Trump. A pesquisa também mostra que 79% dos entrevistados acreditam que as tarifas de 50% impactarão negativamente suas vidas ou de suas famílias.

A análise da Quaest sugere que o "tarifaço" de Trump conseguiu um feito notável no tabuleiro político brasileiro: uniu a esquerda, trouxe o centro para perto do polo governista e, paradoxalmente, dividiu a direita. Esse movimento se reflete diretamente na avaliação do governo Lula, que registrou uma leve alta na aprovação e uma queda na desaprovação, especialmente entre o eleitorado mais escolarizado e na região Sudeste. A diferença entre as taxas de aprovação e reprovação, que já foi de 21 pontos, diminuiu para apenas 8 pontos percentuais.

Um dado que chama a atenção é o amplo consenso nacional em relação à resposta brasileira: 84% dos brasileiros avaliam que o governo e a oposição deveriam se unir para defender a posição do Brasil contra o ataque de Donald Trump. Esse sentimento de patriotismo em face de uma ameaça externa tem sido capitalizado pelo governo Lula, que, ao se "enrolar na bandeira do patriotismo", conseguiu arrastar o apoio de mais de 50% do eleitorado.

Políticos e analistas veem a situação como um "ponto de virada" para o governo Lula. O embate com Trump, em vez de fragilizá-lo, tem-no politicamente fortalecido. Há quem brinque que, com "inimigos" como Trump, Bolsonaro e até mesmo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (cuja reação inicial ao tarifaço também foi criticada, forçando-o a recalibrar o discurso), o presidente Lula "vai acabar dispensando até os aliados", dado o impulso inesperado à sua popularidade. A capacidade do governo de negociar e buscar saídas diplomáticas para reverter as tarifas, evitando uma retaliação que poderia prejudicar ainda mais a economia brasileira, será crucial para a durabilidade desse fenômeno.